Dia Internacional da Mulher, eu com 39 semanas mais 3 dias nesta doce espera pela minha caçulinha Olivia ... Havia me programado para fazer várias coisas durante o dia, mas acordei um pouco indisposta e após preparar Felipe para a escola, deitei no sofá da sala e dormi praticamente a manhã toda. Próximo ao horário do almoço, me forcei a levantar, tomei um banho e me aprontei para almoçar com o Fe. Sugeri irmos ao Shopping, com o intuito de recuperar o tempo perdido, aproveitando o inicio da tarde para ir ao salão e passear em algumas lojas ... Fomos, almoçamos, fiz escova no cabelo, minhas unhas e desfrutei de um belo passeio pelas lojas enquanto aguardava o horário da indução natural que havia marcado com minha Doula às 16 horas.
No Shopping encontrei alguns conhecidos e lembro de ter ouvido: "Volta para casa menina, descansa, sua filha está quase nascendo, se cuida", kkkk.
Próximo ao horário, me desloquei (dirigindo) para o Instituto de Pilates onde passaria uma hora fazendo indução e depois participaria de um encontro com outras grávidas chamado Vivência de Preparação para o Parto, com o objetivo de conversarmos sobre o parto, assistirmos videos e conhecermos (no meu caso relembrar) as fases do Trabalho de Parto, respiração e posições.
Durante a indução, após tomar o chá mexicano e enquanto fazíamos um sessão de relaxamento, senti uma contração dolorida, a primeira desta gravidez. Mas como já havia passado por uma crise intestinal duas semanas antes (após beber o chá mexicano), imaginei que fosse um efeito colateral do tal chá novamente.
No intervalo entre a Indução e a Vivência, fui caminhando até um café a duas quadras do Instituto, onde apreciei calmamente uma xícara de chá com bolo ...
Devolta ao Instituto, a Vivência começou ... Eram por volta de 10 Grávidas sentadas em almofadas pelo chão e logo na apresentação tive que levantar pois senti novamente uma contração dolorida. Neste momento não precisei nem falar, minha doula já sabia o que estava acontecendo e pediu para eu avisá-la todas as vezes que uma nova contração ocorresse. Fui ao banheiro algumas vezes, me ofereceram uma bola de pilates para eu relaxar, mas nada aliviava o desconforto ... Quando as contrações vinham, a minha vontade era de sair correndo, gritar, e ao mesmo tempo estar quietinha em minha casa. Por vezes me lembro de ter pensado: porque eu fui fazer essa indução, o que que eu estou fazendo aqui, rs.
Sai de vez da sala, quando o video de trabalho de parto da própria Tiffany, minha Doula, estava rolando. Neste momento minha vontade era de verbalizar toda aquela dor e por em prática tudo o que estávamos discutindo no evento ...
No intervalo entre as contrações tive forças para pegar meu celular e trocar mensagens com o Fe:
Pelas mensagens acima, dá pra perceber que eu ainda não tinha a real noção do que estava acontecendo, minha vontade naquele momento era de voltar para casa, tomar um banho e me preparar para o que eu achava que ainda estava por vir, mal sabia eu que naquele momento o trabalho de parto já estava acontecendo à todo vapor. O engraçado nas mensagens foi a rápida mudança de opinião em relação a necessidade da ida do Fe ao meu encontro ... passaram-se apenas 2 minutos entre avisá-lo do que eu achava que estava acontecendo e pedir desesperadamente para que ele viesse ao meu encontro.
Naquele momento fui para a salinha, a mesma utilizada naquela tarde para a indução, na tentativa de relaxar, mas já não conseguia, quando a contração chegava não conseguia segurar a vontade de gritar, de me jogar no chão, de agarrar algo com força até que aquela dor passasse.
Em poucos minutos a Ty já havia organizado o repasse da condução da Vivência para que pudesse me acompanhar. Atendeu uma ligação do Fe no meu celular, que ainda estava tentando entender o que estava acontecendo e só me lembro de ter a ouvido dizer: venha logo pois teremos que leva-la ao Hospital, já estou entrando em contato com a Obstetra. E eu retruquei: não quero ir tão cedo para o Hospital, quero ir para casa, tomar um banho e aguardar o máximo possível ...
Fe já estava a caminho, de Táxi e com o Felipe, quando Ty explicou a real situação, então Felipe acabou acompanhando parte do trabalho de parto de sua irmãzinha, algo totalmente fora nossos planos originais.
Fernando e Felipe chegaram e lá fomos nós para o Hospital, Fe dirigindo, eu ajoelhada no chão do banco da frente, Felipe e Ty no banco de trás - tadinho do meu filho, muito depois que eu fui me dar conta que praticamente amassei as pernas dele na cadeirinha ao empurrar o banco para trás ... E ele não falou nada, aguentou o trajeto todo daquele jeito. O engraçado é que uma das razões por eu ter escolhido o Hospital era a proximidade de casa - menos de 2 KM - e naquele momento estávamos praticamente do outro lado da cidade. O deslocamento foi uma eternidade ... além de tudo era hora do rush e eu, já na partolândia, estava focada nas contrações, respiração e verbalizando de forma intensa toda aquela dor.
Chegando em frente ao Hospital, descemos eu e Ty, enquanto Fe estacionava o carro. Me ofereceram uma cadeira de rodas, mas é claro que preferi ir andando. Subindo a rampa e até chegar na recepção tive que parar umas 2 vezes por conta dar contrações. Estar acompanhada de uma Doula nessas horas é essencial, pois você pode esquecer de tudo a sua volta ... Não sei nem como, mas no próximo segundo já estava sendo avaliada por uma obstetra de plantão. Nem acreditei quando ela disse que eu estava de 8 para 9 de dilatação, isso em um pouco mais de 1 hora de TP. Ali mesmo me trocaram e segui andando, junto com Ty, para o Centro Obstétrico, onde minha Obstetra já nos aguardava.
Os momentos que se sucederam foram surreais, lembro-me das contrações chegando, da respiração, de me ajoelhar e buscar o apoio da Ty e do Fe verbalizando e botando pra fora aquele emaranhado de sensações, de tentar algumas posições diferentes seguindo sugestões tanto da GO como da Doula, do estouro da minha bolsa, de ter encontrado e teimado em ficar sentada (praticamente agachada) naquela escadinha de subir na maca e o Fe dando sustentação em minhas costas ... e foi assim que pari Olivia, um pouco mais de uma hora depois de chegar ao hospital.
Me entreguei de uma tal forma que eu já não sentia mais nada, além de uma vontade incontrolável de fazê-la vir ao mundo, a troca de olhares entre o Fe, a GO e a Doula me tranquilizava de que tudo estava indo bem. A dor era "gostosa", eu já não tinha mais pavor das contrações. Não sei ao certo, mas acredito que o expulsivo foi muito rápido, lembro-me da Ty me pedindo se eu queria vê-la nascer e posicionando um espelhinho na minha frente. Quando vi os cabelos ondulados da minha pequena, não entendi muito bem o que estava acontecendo e pedi para não ver mais. Dali em diante apenas senti ela vindo, primeiro a cabeça, depois os ombros e lá estava ela nos meus braços.
Olivia nasceu numa quinta-feira, dia 08 de março de 2018, às 21:15, de parto natural e humanizado, com 3.660 kg e medindo 51 cm. Uma menina rosadinha, saudável e vigorosamente linda como seu irmão.
A foto acima resume a felicidade e satisfação que eu estava sentindo, nós 3 ali, praticamente no chão, juntos ... Eu a acolhi, a beijei e chorei de alegria. Eu consegui!!! Um tempo depois perguntei: o que eu faço agora, pois estava com minhas pernas amortecidas. Deitei em um colchonete no chão e continuei com Olivia nos braços tentando fazê-la mamar, enquanto os procedimentos do parto terminavam (dequitação da placenta e 2 pontinhos devido a uma pequena laceração). Fernando cortou o cordão umbilical após ele ter parado de pulsar e foi acompanhar a Olivia nos procedimentos padrão do hospital.
Nós e a Tiffany, nossa querida Doula
...
Neste meio tempo, uma vizinha foi buscar Felipe no Hospital para que Fe pudesse me acompanhar no Centro Obstétrico, mas logo meus pais chegaram, foram encontra-lo e o levaram novamente ao Hospital. Deu tudo tão certo!!! Felipe já estava no Hospital, com os Avós, quando a Olivia nasceu e também pode acompanhar os procedimentos da irmã no berçário, com direito a carimbo do pé da irmãzinha em seu braço. Foi emocionante saber de tudo isso logo depois e ver o registro destes momentos.
Por procedimento do hospital fui levada a uma sala de recuperação onde passei poucos instantes visto que o parto foi totalmente natural. Logo depois fui transferida para o quarto onde pude reencontrar minha Olivia e nossa linda família, agora nós 4.
Tenho certeza que só foi possível mergulhar nessa experiência tão íntima de parir um filho, de me entregar para algo tão primitivo e transformador, devido a confiança que tinha na minha rede de apoio, no meu caso formada por 3 pessoas essenciais: minha GO que respeitou todas as minhas vontades, minha Doula que me preparou na gravidez, me incentivou e me mostrou que eu era capaz e meu marido que sempre esteve ao meu lado, me apoiando em minhas escolhas e foi literalmente meu suporte. Sou muito grata a Deus e a esse trio que me acompanhou na realização deste sonho, um "Parto mais que Perfeito".
Abaixo o post da Ty, onde ela comenta sobre o meu parto (o primeiro).
Nem nos meus melhores sonhos eu imaginei ter um parto tão intenso, mas ao mesmo tempo rápido e "gostoso"como foi.
e