Estamos em meados de abril e o isolamento é a única certeza que temos no momento. Mais conformados com a nova vida e acostumados com a nova rotina, mas também bastante cansados com o ritmo diário de cuidar das crianças, limpeza da casa, refeições, home office, além da preocupação constante de uma possível contaminação. Confesso que o risco de contaminação é o que tem me deixado mais preocupada após esses 25 dias de isolamento ... Isto porque, recentemente, decidimos nos mudar para a casa dos meus pais, afinal de contas, estamos isolados aqui e eles lá. Porém, um passo como esse me traz uma carga muito grande de responsabilidade, o que tem influenciado muito o meu psicológico ... não quero que nada de mal aconteça com eles, muito menos por minha causa.
Atualmente tenho saído, com todo o cuidado possível, apenas uma vez por semana para fazer compras para a casa e para meus pais e avó. Levo as compras até a casa deles, mas não me aproximo, fico em torno de 15 minutos conversando com eles a uma certa distância e logo volto para casa. Fico muito preocupado com eles, que além de estarem no grupo de risco pela idade, fazem tratamento contínuo em razão de hipertensão (os 3) e não sei por quanto tempo meu pai vai aguentar ficar em casa, sem trabalhar, ainda mais agora que as prefeituras, infelizmente, tem flexibilizado a abertura do comércio.
Hoje acordamos decididos a levarmos nossas coisas para Campo Largo e passarmos a fazer a quarentena em conjunto com meus pais, já que o que nos impedia até o momento era a falta de internet, o que tínhamos resolvido no sábado. Já estávamos no carro, com uma pequena mudança para passarmos pelo menos os primeiros dias, quando minha mãe me liga contando que um caminhão arrancou o fio da internet. Enfim, recuamos. E eu fico pensando ... Será que foi um sinal? Será que não devo ir? A razão me diz que não, que eu devo continuar fazendo as compras para eles uma vez por semana e me comunicando com eles a distância, mas a emoção me diz que, estando lá com eles, consigo ajudá-los a passar por tudo isso, entendendo melhor as necessidades do dia-a-dia, além de não privá-los do contato com seus netos que eles tanto amam. Para o Felipe e a Olivia também seria uma experiência incrível, de morar por um tempo com os avós, além de terem mais espaço para gastarem a energia represada nos últimos dias.
Enfim, espero um dia poder ler esse relato com a certeza que fiz a melhor escolha para a minha família.
Ontem foi dia de Páscoa e tivemos 2 pontos altos: a típica caça aos ovos das crianças, que todo ano acordam muito cedo para a brincadeira e uma video chamada com meus pais, irmão e cunhada que moram em Maringá aproveitando a internet rápida que ainda estava disponível na casa dos meus pais.